História & Modelismo 

Operação Tidal Wave – Domingo Negro

“Coloquei-me bem alto, por cima da cauda de um B-24 e começei a disparar…Não sei se eles responderam ao meu fogo. Tudo aconteceu muito rapido. Eder (ala) e eu voltamos a situar-nos atrás dos B-24, dois minutos mais tarde. Os Liberator começavam a dispersar-se. Um dos motores do  que eu perseguia estava fumegando, possivelmente como resultado da minha primeira passada. ao lançar-me em picado, vi Eder completar o seu segundo ataque. Acerquei-me da minha prêsa e crivei de balas a fuselagem do avião. Neste momento, os dois B-24 voavam muito baixo, tratando desesperadamente de salvar-se, apertando-se contra o terreno. Ao tornar a atirar vi Eder fazer uma terceira passada sobre o seu alvo. Já não havia, nesta altura nenhum aparelho na minha frente. O  B-24 ficou para trás, espatifado, na terra. O bombardeiro de Eder ardia, à distantâcia de duas milhas…”

“Avistei um 88mm atrás de uma fileira de árvores, num cruzamento de estrada. Pude ver o clarão do disparo na boca do canhão, e o projétil vir para nós…Lancei o meu avião para baixo da descarga. O projetil arrancou o aileron e o timão esquerdo do aparelho do Cap. Roper, que voava à minha direita. Voltei-me a colocar junto a ele. Seu avião estava destroçado, porém se mantinha no rumo. Pude ver Roper, na cabine, olhando fixamente para a frente, mantendo seu avião estabilizado… A resistencia se fazia cada vez mais violenta. Nossos metralhadores disparavam incessantemente. Nos aproximavamos do objetivo pela direção oposta à projetada, a uma velocidade de 245 milhas por hora, 65 milhas acima da usual, aplicando potência de emergência aos motores… Tudo o que eu queria era transpor esse inferno de traçantes, tanques de petróleo explodindo, e aviões em chamas…”

” Disparei o meu canhão e minhas metralhadoras e consegui atingir o bombardeiro na asa direita…Lancei-me sobre o B-24 crivando-o de balas, da popa à proa. suas metralhadoras procuravam atingir-me, porém os projéteis, embra passassem perto, não me alcançaram. Com o acelerador no fundo, fiz uma volta, inclinando-me para a direita, e olhei por sobre o meu ombro para verificar se era necessário outro ataque. Os dois tanques das asas estavam em chamas…O B-24 tratou de ganhar altura e prosseguiu voando uns 500 metros mais, antes de espatifar-se, envolto em chamas. Ninguem teve tempo de saltar. Aparentemente havia já lançado suas bombas, pois não houve explosão secundaria…”

” Vi Enoch Porter receber um impacto direto na barriga do seu avião e este se converteu numa massa de chamas. Duas linguas vermelhas surgiram dos lados do aparelho, envolvendo-o até a torre da cauda e projetando-se ainda para trás, no ar, num rio de fogo de duzentos pés de comprimento. Porter fez sua maquina subir num desesperado esforço de ganhar altura, para que seus homens pudessem lançar-se de para-quedas. O avião, porém, entrou em Stall, balançando-se no ar como uma bola de fogo e pela porta da proa cairam no espaço os corpos de Jack Warner e Red Franks “

 

No dia 11 de junho de 1942, ao cair da noite, 13 bombardeiros norte-americanos B-24 Liberator, comandados pelo Coronel Harry A. Halverson, levantaram vôo de bases britânicas no Egito, empreendendo viagem para o Norte, através do Mediterrâneo. Seu objetivo: a grande refinaria Astro Romana, a maior de toda a Europa, situada no centro petrolífero romeno de Ploesti, com uma produção anual de 2.000.000 de metros cúbicos de combustiv él. Se iniciou assim, com esse improvisado reide, a ofensiva de bombardeios contra Ploesti, que havia de atingir seu momento mais dramático 14 meses mais tarde, com o segundo ataque.

Os aviões de Halverson haviam partido dos EUA no mês de maio de 1942, com a missão de atacar, de bases chinesas, a cidade de Tóquio. No entanto, esta incursão foi tornada sem efeito, por terem sido os aeroportos chineses tomados por forças japonêsas antes da chegada dos americanos. Haverson recebeu, então do General Arnold, chefe da Força Aérea Americana, a ordem de bombardear a refinaria de Ploesti. A incursão, porém, não alcançou resultados importantes. De fato, as instalações dado o escasso número de aviões atacantes, receberam danos insignificantes. Além disso, o bombardeio teve também um desenrolar desfavorável para os Aliados, pois os alemães, alertados da incursão, reforçaram fortemente as suas defesas antiaéreas.

O General Gerstenberg, chefe das forças alemãs na Romênia, solicitou e obteve o envio de unidades de terra e ar, que, em fins de 1942, chegavam a cerca de 50.000 homens. Dessa maneira, Ploesti se converteu numa verdadeira fortaleza terrestre, defendida por centenas de canhões pesados e leves e um grande número de metralhadoras.

Os organismos de planificação da aviação americana efetuavam, nesse meio tempo, minuciosos estudos sobre a importância de Ploesti para a capacidade bélica da Alemanha. Chegou-se assim à seguinte conclusão: entre os possíveis alvos industriais do Eixo, as refinarias de Ploesti se destacavam com o mais importante. A sua destruição reduziria radicalmente as disponibilidades de combustível da Alemanha, fato que teria conseqüências decisivas no desenvolvimento da guerra. Calculava-se que um reide em grande escala reduziria a produção de combustível a uma terça parte e encurtaria a guerra pelo menos em seis meses.

Baseado nesses tentadores cálculos, na conferencia efetuada na Casa Branca por Churchill, Roosevelt e os principais chefes militares, resolveu-se ordenar um ataque maciço aéreo contra Ploesti. A missão foi confiada à 9º Força Aérea Americana, comandada pelo General Brereton, estacionada na Líbia. A planificação da operação, batizada como o nome chave de “Tidal Wave”, foi confiada a um grupo de chefes da aviação, entre os quais se destacava o Coronel Jacob Smart, o qual recorreu aos serviços do Corpo de Inteligência da RAF e a diferentes especialistas britânicos, entre os quais se contava um antigo gerente da refinaria Astro Romana em Ploesti.

Ao analisar o problema que a incursão representava, o Coronel Smart chegou à conclusão de que a tática que melhor perspectivas oferecia era um ataque maciço e em vôo rasante. Esse método, que se afastava radicalmente do procedimento tradicional da aviação de bombardeios americanos tomaria indiscutivelmente os alemães de surpresa, acostumados aos reides efetuados sobre o Norte da Europa, todos a grande altura. Ainda, ao aproximar-se, a uma altura mínima, os B-24´s que seriam empregados no ataque, dificilmente seriam detecta tos pelo radar alemão e traria imensa dificuldade para os aviões de caça e baterias antiaéreas de defesa. Assim se poderia alcançar um máximo de efetividade no bombardeio.

Uma vez conseguido a autorização dos altos chefes aliados, o Coronel Smart se transladou á Grã-Bretanha, ali confiou a planificação do ataque ao Coronel Timberlake, um dos mais destacados comandantes de bombardeiros Liberator´s. Timberlake em conjunto com outros chefes norte-americanos e britânicos, elaborou os detalhes finais da operação.

Optou-se, como via de aproximação de Ploesti, pela direção que os alemães consideravam menos provável, a noroeste. A rota mais lógica de entrada em território romeno, a partir da Líbia, era o sul. Ali, o General Gerstenberg, chefe da defesa alemã, havia concentrado a maior parte dos seus efetivos. Os B-24´s ao se aproximarem vindos do Norte, teriam, além disso, a vantagem de contar com uma referência identificável do ar: a via ferroviária que se dirigia em linha reta desde a localidade de Floresti até o centro petrolífero de Ploesti. Desta maneira, Floresti foi designada como ponto inicial para empreender a “corrida” de bombardeio.

Ao chegar a esta localidade, as esquadrilhas aproariam para o sul e se lançariam em vôo rasantes para as refinarias, situadas a uma distancia de 13 milhas. Calculava-se que pràticamente não haveria defesa antiaérea nesse setor, o que facilitaria a aproximação dos bombardeiros. Para realizar o ataque foram selecionados cinco grupos de bombardeiros B-24. Dois deles já se encontravam na África do Norte (o 376º comandada pelo Coronel Compton, e o 98º capitaneada pelo Coronel Kane), outros três grupos (o 93º sob o comando do Coronel Baker, o 44º do Coronel Jonhson e o 389º do Coronel Wood´s) estavam estacionados na Grã-Bretanha e ali mesmo iniciaram suas primeiras missões de treinamento em vôo rasante. Posteriormente, as esquadrilhas com base na Inglaterra se dirigiram para a Líbia, onde encerraram a concentração nos primeiros dias de julho de 1943.

 As refinarias foram classificadas pela colocação, da esquerda para a direita, em objetivo “Alvo 1” refinaria Romeno Americana destinada á 376º,” Alvo 2 “ refinaria Concordia Vega destinada á 93º , ” Alvo 3 ” refinaria Standard Petrol Block e Unirea Sperantza a ser atacada pela segunda secção da 93º , ” Alvo 4 ” a mais importante a Astro Romena destinada á 98º e o ” Alvo 5 ” refinaria Colombia Aquila a ser atacada pelo grupo 44º. Além disso se levaria a cabo o bombardeio de dois centros petroliféros, vizinhos a Ploesti: uma secção do 44º atacaria a localidade de Brazi ( objetivo ” Azul ” ) e o Grupo de bombardeiros 389º atacaria a localidade de Campina, ao norte de Ploesti ( objetivo ” Vermelho” ).  

 

 O total de aviões que tomariam parte no reide chegava a 177 aparelhos B-24´s, armados com uma carga de 311 toneladas de bombas de demolição de 1.500 libras, todas elas com espoleta de ação retardada ( entre 45 segundos e 6 horas), alem disso, os aviões levariam 290 recipientes de bombas incendiarias britânicas e 140 ” cachos” de incendiarias americanas. Os B-24 foram equipados com uma nova mira de bombardeio, e special para baixa altura, e em seus comaprtimentos de bombas foram instalados dois tanques suplementares que lhe deram uma capacidade de 3.100 galões de carga de combustível.

Os vôos de treinamento se intensificaram e culminaram na manhã do dia anterior ao reide, 31 julho, com um ataque simulado de todas as forças a um alvo improvisado no deserto, que reproduzia esquematicamente a conformação do objetivo. Distribuídas num arco de cinco milhas de largura, asa contra asa, os B-24 sobrevoaram o alvo em vôo rasante, a toda velocidade e o arrasaram em poucos minutos, lançando uma chuva de bombas de 200 libras.

Chegou-se então ao fim do longo preparativo, na tarde de 31, as tripulações foram reunidas e o General Brereton lhes dirigiu um discuros emocionado ” O rugido dos vossos motores no coração do território inimigo continuará ressoando nos ouvidos dos romenos e, com certeza, nós de todo o mundo, muito depois que o estampido de vossas bombas e crepitar dos incêndios tenha se extinguido”. Em seguida, o Marechal-do-ar Tedder despediu-s e das tripulações com as seguintes palavras “É uma missão dura e perigosa que exigirá toda a vossa coragem e habilidade… Desejo a todos a melhor sorte possível…”.

Poucas horas antes de decolar, as tripulações foram reunidas pelos seus chefes. Após as últimas instruções, os homens ficaram á espera do momento decisivo. As reações individuais, nos quais prévios, foram as mornais, como sempre, os capelães reuniram ao seu redor os centenas de homes, escutaram suas confissões, suas confidências, receberam suas mensagens, cartas, lembranças para os entes queridos e somas em dinheiro destinadas a pagar suas dividas… No momento que antecede ao instante supremo em que o homem se defronta com a morte, a brincadeira cede lugar ao silêncio, o riso à lembrança, as conversas à relembrar momentos felizes passados, na pátria, junto aos entes queridos.

As 2 horas da madrugada de 1 de agosto de 1043, nos diversos aeroportos, reinava a calma mais absoluta. Sob o céu estrelado do deserto, os B-24 estavam alinhados. Nas tendas e barracas, os homens aguardavam, alguns em silêncio, outros reunidos em pequenos grupos, a ordem final. De súbito, com obedece a um chamado, dezenas de jipes e caminhões arrancaram com estrondo, tocando as buzinas. Os oficiais, em voz alta, chamavam os homens de suas unidades e os faziam subir aos veículos. Centenas de pilotos, navegadores, metralhadores, radio-peradores, e bombardeadores saltaram para os carros e partiram, velozmente. A distância, as negras silhuetas dos B-24 os esperavam. Uma vez lançadas as tripulações, os homens receberem dos pilotos as ultimas instruções e palavras de alento. Distribuíram, também, equipamentos de fuga, contendo um mapa dos Bálcãs, traçado num lenço de seda, um vocabulário mimeografado de palavras em romeno, búlgaro, grego, turco, moedas de ouro britânicas, dez notas de um dólar, dracmas e liras, pastilhas para purificar a água, biscoitos, chocolate, uma pequena bússola e mensagens escritas pedindo ajuda e identificando o seu portador como combatente aliado.

Exatamente as 4 da madrugada foram disparados da torre de controle as bengalas que emitiam as ordens de levantar vôo, o bombardeiro “wingo-Wango”, avião guia da formação, a bordo do qual viajava o navegador principal do vôo, acelerou ao máximo os seus motores e após longa corrida se elevou, perdendo-se na escuridão. Com intervalos de dois minutos, dos diversos aeroportos. A uma altura de seiscentos metros, voavam em círculos, os cinco grupos foram se integrando. Ao cabo de uma hora a operação de decolagem havia se concluído. Somente um dos B-24 se perdeu na manobra, ao falhar um dos motores, o aparelho ao procurar aterrissar, chocou-se contra um poste telegráfico e incendiou-se.

O silêncio radiofônico era absoluto, entretanto essa precaução seria inútil. O serviço de inteligência alemã, com sede em Atenas, havia já captado e decifrado uma curta mensagem enviada pelo comando de Bengasi a todas as unidades do ar, mar e terra do Mediterrâneo, na qual se anunciava que uma grande formação aérea havia iniciado vôo da Líbia. Imediatamente todos os serviços defensivos instalados pela Luftwaffe na Itália, Áustria e Bálcãs foram alertados. No centro de radar germânico situado em Bucareste recebeu-se uma segunda chamada, emitida da estação de Salônica, na qual se comunicava que os bombardeiros de dirigiam diretamente para o Norte, sobre o Mediterrâneo, a uma altura de seiscentos a setecentos metros de altura. Assim, enquanto os alemães já se encontravam em estado de alerta, embora sem poder precisar o rumo exato da formação de B-24, continuavam o seu vôo.

Uma hora depois da partida, dez aviões tiveram que abandonar os grupos por causa de falhas mecânicas, as formações começaram a se distanciar entre si, Os primeiros grupos foram se separando do resto da força até perder o contato visual. Poucos minutos antes de alcançar a costa de Corfu produziu-se um novo incidente. O avião “Wingo-Wango” se precipitou inesperadamente ao mar em trinta segundos desapareceu sob as águas. O apare lho que acompanhava o ” Wingo-Wango”, em que viajava o segundo navegador da rota, violando as disposições expressas de não romper a formação, perdeu altura e sobrevoou a zona da queda para verificar a existência de sobreviventes. Impossibilitado já de retornar a frente das esquadrilhas, teve que retornar a base, na Líbia. Um terceiro avião, o “Brewery Wagon”, tomou o posto de guia e seu navegador, um jovem tenente, ficou então com a responsabilidade de conduzir a formação até Ploesti.

A esta altura dos acontecimentos, o número de aviões era de 165. A bordo dos aviões, os pilotos e navegadores abriram seus mapas especiais enquanto se aproximavam do primeiro grande obstáculo da rota: a cadeia montanhosa de Pindo, com uma altura de 3.000m. Para ultrapassar as montanhas, os B-24 deveriam subir a um nível mínimo de 3.300m. Ao se acercarem do maciço, minutos mais tarde, os aviadores norte-americanos comprovaram que o mesmo se encontrava coberto por grandes formações de cúmulos, o que tornaria sumamente difícil o cruzamento em formação. Vôo através das nuvens, com visibilidade nula e turbulências, podia provocar colisões. Para evitá-las, a Força aérea americana havia preparado uma manobra chamada ” Penetração Frontal “, o método era o seguinte, o chefe da formação começava a voar em círculos diante da massa de nuvens até que toda a força se incorporasse a esse espécie de carrossel. Uma vez concentrados assim todo s os aviões, iniciavam o cruzamento em grupos de 3 aviões e regressavam a manobra do carrossel até que todas as aeronaves atravessassem as nuvens, e depois retomavam a rota do alvo.

Nos postos de radar germânicos, os operadores, desorientados, comprovaram que a formação aliada desaparecera das telas (o motivo, por razões lógicas, era a baixa altura em que os aviões voavam). Alarmado, o chefe do controle de caças emitiu ordem de decolar sem perda de tempo. O rumo: setor norte de Ploesti.

Às 13h30min, no momento em que os bombardeiros de Campton se achavam a vinte minutos do alvo, ressoaram os alarmes em Ploesti e Bucareste. Os Liberator´s, voando ainda mais baixo, rumaram para linha de aproximação de Ploesti determinada pela localidades de Pitesti e Targoviste. A identificação do terreno se fazia cada vez mais difícil. Assim foi que, ao aproximar-se de Targoviste, o Coronel Campton confundiu essa localidade com Floresti, ponto fixado de antemão para mudar o rumo via Sul. Seu avião “Teggie Ann” deu uma volta fechada para a direita e foi seguido pelos demais aparelhos. O erro era total, agora os Liberator´s se dirigiam diretamente para Bucareste, Capital da Romênia.

Muitos dos pilotos que seguiam Campton compreenderam imediatamente que ele errara a rota. Um deles rompendo o silêncio de radio, até então zelosamente mantido, abriu o microfone e gritou a todo o grupo: “Não é aqui! È um Erro!”. Porém a formação de vanguarda do grupo 376º continuou para frente. Poucos quilômetros depois recebeu as primeiras descargas dos canhões de 88 mm germânicos. A batalha de Ploesti se iniciara. Alguns caças de modelo antiquado que defendiam Bucareste saíram ao encontro dos Liberator´s e picaram sobre eles.

Em terra, os observadores alemães assinalaram alarmados “Atacam Bucaresti e Ploesti”. No controle de defesa germânica, ao se receber a notícia, considerou-se a suposta incursão contra Bucaresti como uma manobra de distração para afastar os caças da zona de Ploesti. Tudo, no entanto, fora fruto de um engano.

Aproximando-se, em formação cerrada, a seis metros do solo, os 32 B-24´s de Baker se dirigiram para o alvo em meio a um vendaval de tiros. Dos aviões, os artilheiros respondiam o fogo incessantemente com suas metralhadoras contra as posições germânicas que passavam diante de suas miras a uma velocidade vertiginosa. Vários aviões já deixavam atrás de si longas esteiras de fumo, proveniente se seus motores incendiados ou danifica dos. No interior dos aparelhos, muitos dos tripulantes jaziam ensangüentados nos bojos repletos de cápsulas usadas.

Os grandes tanques de petróleo da refinaria começaram a explodir atingidos pelas bombas. Um B-24 o “José Carioca” envolto em chamas, caiu ao solo, investindo contra um prédio da refinaria, atravessando-o de parede a parede e deixando um rastro de gasolina incendiada na sua cega corrida.

Dos 34 aviões do grupo 93º de Baker, que iniciaram o ataque, apenas 15 emergiram da massa de fumo negro que cobria Ploesti, pelo lado oposto. Desses, somente cinco estavam com avarias leves. Os demais, seriamente atingidos, voavam com motores parados, incendiados e com grande quantidade de mortos ou feridos a bordo. Seu sacrifício, contudo, não estava concluído. Os caças alemães que patrulhavam o norte de Ploesti se dirigiam ao seu encontro e os atacaram encarniçada mente, derrubando vários deles. Finalmente, os Messerschimitt abandonaram a perseguição para enfrentar nova onda de B-24 que se aproximavam de Ploesti. Enquanto o grupo de Baker desenvolvia o seu ataque, a formação de vanguarda dirigida pelo Coronel Compton continuou avançando para Bucareste, em meio aos disparos da artilharia antiaérea.

Um grupo de cinco aparelhos se manteve unidos em redor do avião do comandante Appold, e atravessou a cortina de fogo antiaéreo, conseguindo colocar todas as suas bombas sobre a refinaria “Concordia Vega”, causando-lhes graves danos. Os restantes aviões de Campton lançaram suas bombas ao acaso e se retiraram roçando o solo.

Os aviões de Appold, entrementes, cruzaram com parte da formação de Baker, enquanto sobre eles os aviões do Grupo 98º do Coronel Kane, que acabavam de chegar ao alvo, entraram no espaço aéreo de seu alvo a grande velocidade e baixa altura. Assim, num dado momento, o céu de Ploesti ficou coberto por três grupos de B-24´s que voavam em direções diferentes, num caos espantoso, a artilharia alemã, enquanto isso disparava com todos os seus canhões, a queima-roupa.

O grupo 98º, do Coronel Kane, junto com o 44º, do Coronel Johnson, haviam chegado a Ploesti, seguindo o rumo planificado originalmente. Johnson bombardeou o alvo que lhe fora designado á refinaria “Colombia Aquila “conseguindo o maior índice de destruição de todo o ataque, em troca da perda de nove dos seus 16 aparelhos. A refinaria ficou inutilizada por onze meses. Os outros 21 B-24 do grupo 44º se dirigiram ao alvo “Azul – refinaria Creditul Minier”, situada na localidade de Brazi, a dez quilômetros ao sul de Ploesti. Esta fabrica era a mais moderna de toda a Europa e produzia gasolina de aviação.

A formação comandada pelo Coronel Posey lançou-se sobre o alvo em quatro ondas. A descarga de um canhão de 37 mm alvejou o seu avião-guia o “V for Victory”, arrancando-lhe parte da cauda e matando um artilheiro. O avião, porém, prosseguiu o vôo, vomitando fogo com todas as suas metralhadoras contra os postos da artilharia germânica. Aproximando-se do alvo, o “V for Victory” subiu a 70 mm para evitar o choque com as altas c chaminés e lançou todas as suas bombas. Um avião da segunda onda acertou com extraordianria precisão suas três bombas no edifício das caldeiras, arrasando-o por completo. Outro, saltando edifícios, chaminés e tanques, sobrevoou o alvo a um metro e meio de altura! E arrojou suas bombas com espoleta retardada, diretamente nos pontos predeterminados.

A formação do Comandante Posey completou assim a sua tarefa sem perder um só avião. A refinaria Creditul Minier ficaria inutilizada pelo resto da guerra. Posteriormente, porém, os caças germânicos se lançaram sobre a esquadrilha e derrubou 2 B-24´s de Posey.

O grupo 98º, do Coronel Kane, em seis levas, mergulhou no inferno de Ploesti e arrojou suas bombas na maior das refinarias, a Astro Romana, causando danos que reduziram à metade a sua produção. Esse resultado se obteve, entretanto à custa de um preço terrível, dos 46 bombardeiros que iniciou o ataque, apenas 22 foram derrubados pelo fogo antiaérea ou pelos caças. Dos que conseguiram escapar a destruição, apenas 12 podiam se manter no ar.

O último ataque da terrível jornada foi realizado pelo Grupo 398º, o “Sky Scorpions” do Coronel Woods. Suas bombas arrasaram o objetivo “Vermelho refinaria Steaua Romana” situada na localidade de Campina, a dezoito milhas ao noroeste de Ploesti. Seis das 29 B-24 foram abatidas, porém as instalações terminaram destroçadas em sua totalidade pelos certeiros impactos.

Enquanto em Ploesti continuavam explodindo as bombas de espoleta retardada, acrescentando novos incêndios a gigantesca fogueira, os B-24 se retiraram em desordem, em diferentes direções, desgarrados pelo fogo da artilharia alemã e transportando as suas tripulações dizimadas ou gravemente feridos.

A espantosa incursão durou apenas 27 minutos. Nesse breve lapso, 41 B-24 haviam sido derrubadas, dos 165 que chegaram ao local, mais de 400 pilotos e tripulantes haviam perecido ou caído prisioneiros. Dos que escaparam a destruição, mas da metade estava seriamente avariada. A maior parte rumou para sudoeste, fustigada pelos caças alemães, que faziam novas vitimas. Oitenta e oito conseguiram retornar à sua base de onde partiram, em Bengasi, Líbia. Outros 24 aparelhos aterrissaram em aeródromos aliados no Chipre, na Sicilia e em Malta. Oito aviões se dirigiram para leste e desceram na Turquia, onde suas tripulações foram asiladas.

Assim se encerrou a grande reide que foi qualificada como o último ato de luta cavalheiresca na ofensiva de bombardeio aérea. Com efeito, não houve, em toda a guerra, outra ação de bombardeio contra um centro povoado em que morressem, como em Ploesti, mais aviadores aliados que civis.

À custa de seu próprio sacrifício, os valentes tripulantes de B-24 atiraram suas bombas certeiramente sobre as refinarias que rodeavam a cidade, limitando assim a destruição ás vitais instalações petrolíferas. Desta forma, conseguiram causar uma proporção maior de danos que nos ataques posteriores contra Ploesti, realizados a grande altura.

Fontes:

– Wikipédia.org

– Ferozhouse.com.br

– Eyewitnesstohistory.com

– Milhist.net

Fernando Zavarelli
 

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