Artigo do leitor: KW-1B Quero Quero – 1/72
Recentemente o Leitor Ramiro Chagas me enviou umas fotos do modelo por e-mail e qual foi minha surpresa ao ver o tão querido KW-1 em plasti! Prontamente acertamos as coisas e ele se dispôs a escrever um artigo para o Spruemaster, que tenho certeza que você leitor irá adorar, então com vocês o Ramiro e o seu KW-1 na 1/72.
Boa leitura!
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KW-1B Quero Quero – 1/72
por Ramiro Chagas de Carvalho – Agosto/2013
História
O KW-1B é um planador monoposto de construção em madeira muito conhecido por todos que tem contato com voo a vela no Brasil. Foi originalmente projetado pelo engenheiro Kuno Widmaier e o protótipo foi construído na cidade de Novo Hamburgo, tendo voado pela primeira vez em 1968.
O planador foi produzido pela empresa IPE (Indústria Paranaense de Estruturas) e, durante muitos anos, foi o principal modelo monoposto disponível para treinamento nos clubes de voo a vela pelo país. Ainda hoje, ele é bastante comum, apesar de estar defasado da realidade tecnológica mesmo dos modelos mais simples tais como o PW-5 ou as versões mais simples do SZD Jantar, que têm assumido o papel e prover o treinamento pós-solo aos praticantes do voo a vela no Brasil.
Amado por uns e criticado por outros, devido a vários acidentes em condições semelhantes (estol em curvas no circuito de tráfego), deve-se reconhecer que este modelo tem prestado serviços inestimáveis ao voo a vela no país, devido a seu baixo custo e simplicidade de manutenção. Particularmente, eu o considero um planador honesto, apesar de te apresentar um baixo amortecimento aerodinâmico em arfagem, o que parece estar relacionado com os acidentes mencionados.
O kit,
Como não existem kits deste modelo, foi utilizado um kit do SZD 22 Mucha Std, fabricado pela Bracia Darscy, que é uma marca polonesa praticamente desconhecida aqui no Brasil. O kit vem em uma caixa de boa qualidade, as peças vêm acondicionadas em uma bandeja plástica, o que garante boa proteção. É bem simples, sendo injetado em plástico branco, com as asas maciças e a fuselagem em duas metades. Praticamente não há detalhes de interior e os detalhes superficiais da asa são um pouco excessivos, o que não é relevante, já que para o projeto em questão, tiveram de ser eliminados.
Montagem,
Pela própria foto na caixa, nota-se a semelhança entre o KW-1B e o SZD22, sendo as principais diferenças:
• Perfil do cockpit e canopi, sendo o nariz do KW-1B mais pontudo;
• Posição da asa, sendo mais alta no KW-1B que no SZD22;
• Envergadura das asas e comprimento dos ailerons;
• Posição dos freios aerodinâmicos;
• Posição da roda, sendo mais atrás no KW-1B.
• Desenho das empenagens horizontal e vertical.
As modificações necessárias foram realizadas colocando-se as peças do kit sobre um desenho em 3 vistas do Quero Quero e fazendo as devidas “cirurgias” para se adequar as dimensões e contornos, principalmente na área do cockpit, asas e empenagens. As asas também sofreram considerável modificação, sendo inserida uma seção central e adicionadas as pontas curvadas, típicas do Quero Quero.
A próxima etapa foi preencher o cockpit com os detalhes desejados, como piso, pedais, manche e comandos de freio aerodinâmico na esquerda e compensador na direita. O canopi foi o maior desafio neste projeto pois o que vem no kit não é adequado e foi necessário esculpir um modelo em massa de “biscuit” sobre o modelo, colocar este molde no forno para endurecimento, lixá-lo para dar acabamento e usá-lo para fazer o canopi em acetato por “vacumforming”.
Apesar de todo o esforço envolvido com a construção do cockpit e canopi, este aspecto não foi tão recompensador porque, com o modelo já montado, evidenciei que o perfil do canopi e parte superior do nariz não ficaram corretos, ficando mais curvos que o desenho do planador original. Infelizmente não há como corrigir isto e serve de lição para sempre se escrutinizar as etapas feitas antes de se seguir adiante no projeto.
Pintura e acabamento,
O esquema de pintura escolhido foi o da Academia da Força Aérea na década de oitenta, devido à simplicidade dos decalques a serem confeccionados e devido ao fato de, por coincidência, ter um destes planadores guardados no hangar em Bauru (SP), permitindo assim tirar as fotos mostradas abaixo como referência para as marcações:
O modelo recebeu primeiro uma camada de fundo primer Tamiya spray e foi lixado com lixa fina para se obter uma acabamento superficial liso. Neste projeto, é interessante ressaltar que eu não utilizei aerógrafo em nenhum momento. Todas as etapas de pintura foram feitas com latas de spray da Tamiya. Fiz isto porque acho as tintas em spray extremamente práticas, não exigindo limpeza de aerógrafo, preparação do compressor, e várias outras etapas necessárias quando se usa um aerógrafo.
A desvantagem é que o spray aplica tinta em excesso e, então, a pintura deve ser realizada com cuidado e um pouco de prática. No caso das tintas da Tamiya, após secar, elas produzem uma camada bem fina, mesmo quando usadas em excesso devido à falta de controle do spray.
Após o primer, foi aplicado o branco TS-27 (Matt White) e uma camada de verniz incolor, para possibilitar a aplicação dos decalques. A pintura vermelha do nariz, ponta de asas e ponta da empenagem vertical foi realizada aplicando-se uma máscara.
Apesar das pequenas dimensões dos detalhes em vermelho, foi possível fazer a pintura e obter um bom resultado com o spray, devido ao cuidado ao fazer a máscara (não deixar absolutamente nenhuma fresta nas áreas protegidas).
Os decalques foram desenhados com um software sofisticadíssimo chamado MS Paint e impressos em uma impressora jato de tinta comum usando cartucho para fotos e qualidade máxima de impressão.
Finalização do modelo,
Após a aplicação dos decalques, uma última camada de verniz incolor foi aplicada e foram adicionados os poucos detalhes faltantes, tais como a roda e patim de cauda (feito com um pequeno pedaço de fotogravado da minha caixa de sucatas).
As etapas de construção do modelo, podem ser vistas nas fotos abaixo:
Conclusão,
Este projeto de conversão aparentava ser simples no início mas se mostrou um desafio na prática, principalmente devido ao canopi que teve que ser feito “from scratch”. Apesar de os dois modelos de planador serem parecidos, a conversão não foi fácil devido ao grande número de “cirurgias” necessárias em diversas áreas. O modelo final não ficou perfeito, principalmente devido à dificuldade em se reproduzir o canopi corretamente, mas o projeto foi bastante gratificante, já que provavelmente você leitor não conhece ninguém que tem um modelo em 1/72 do Quero Quero…
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Um grande plastiabraço a todos e até a próxima!
Parabéns pelo belo trabalho Ramiro!!
O avô da minha mulher trabalhou junto com o Sr. Kuno na construção deste planador. Inclusive ele já me contou algumas histórias desse avião. Vou perguntar para ele esses vícios nas suas características de vôo…
Grande abraço
Gostei, pra ficar mais legal, que tal um PIPER PA 18 para fazer o par ?
Obrigado, Marcio.
Eu tenho um Ipanema rebocador em resina (acho que é da Liberty, se não me engano) e pretendo montá-lo para fazer companhia para o “Queréu”. Saudações.
Parabéns Ramiro!
Trabalho de mestre essa conversão!!! Ficou muito lindo o quero quero!!!
Muito legal. Parabéns ao colega Ramiro por representar esse planador, tão querido por aqui.