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Artigo do Leitor: Douglas A-20 Havoc AMT 1/48

Douglas A-20G Havoc

por Tarcísio Moura

Kit: AMT (agora relançado pela Italeri com novos decalques)

Escala: 1/48

Material: plástico injetado, decalques, transparências.

O avião: O Douglas A-20 Havoc foi um dos maiores aviões da Segunda Guerra Mundial, com um design limpo e linhas arrojadas para a época em que foi concebido. Apesar de ter ficado meio esquecido por historiadores ele foi um avião versátil e eficaz, que atuou em praticamente todas as frentes de batalha e executando diversos tipos de missão. Basicamente ele foi mais bem sucedido nas suas funções de bombardeiro leve (versões B e C) e a de ataque (versão G e mais numerosa). Outras como bombardeiro guia (versão J) ou de caça noturno (designado P-70) também tiveram seus méritos.

A versão G atuou principalmente no Pacífico, junto com seu companheiro mais famoso, o B-25J. Ambos foram verdadeiros flagelos de navios, aeródromos e outros alvos na terra e na água, utilizando seu armamento pesado e bombas de fragmentação deram enorme contribuição para a vitória americana no Pacífico.

Comparado com o B-25 o A-20 tinha um poder de fogo inferior, mas era menor, mais leve e ágil (portanto um alvo mais difícil para a antiaérea), além de capaz levar uma carga de bombas semelhante. No fim da guerra seria substituído pelo mais sofisticado A-26 Invader, mas os pilotos sempre o prefeririam por causa da sua facilidade de pilotagem, agilidade e confiabilidade.

O Kit: em 1995 a empresa americana AMT lançou uma série de kits de aviões menos famosos tais como o próprio Havoc, o F7 Tigercat e versões menos conhecidas do P-40. No caso do Havoc, foram 3 kits abrangendo as principais versões da aeronave. Todas saíram de linha quando a AMT deixou de produzir aviões e voltou a fazer apenas carros e ficção científica, mas recentemente a Italeri relançou a versão G.

A construção: recentemente eu li os livros McArthur´s Eagles e Target Rabaul, ambos com muitos relatos sobre os espetaculares assaltos feitos pelo Havoc junto com o B-25. Como  eu já tinha feito um B-25 da Monogram, acabei estimulado a construir o kit da AMT do A20 que havia conseguido numa troca. Boa ocasião.

Vindo num plástico injetado de cor branca, o modelo certamente foi muito bom para a época: um excelente design que captura bem as linhas do avião original, um baixo relevo discreto e em escala, pneus do tipo “abaixados”, cockpit detalhado, boas transparências e opções de armamento.

Do lado negativo ficou claro que a AMT não tinha se dado ao trabalho de fazer, como a Monogram, bons detalhes internos no paiol de bombas e nas caixas de rodas. Os decalques certamente foram os piores que já vi em muito tempo.

Meu kit veio com o estabilizador horizontal com um erro de injeção, faltando uma parte . A solução foi colar na fuselagem normalmente e depois usar pedaços de plástico para preencher o vazio com cola normal de kit. Depois acrescentei uma camada de super bonder para usar como putty e lixei até ficar satisfeito com a “lanternagem”. Foi o meu primeiro trabalho assim e gostei com o resultado final (ver fotos).

Comecei a construção pelo cockpit, que apesar de simples me pareceu bem adequado e correto pelas fotos que vi. A única coisa que incluí foram os cintos de segurança em photo etched da Eduard que vierem de um jogo de cintos americanos. Também não tem pedais, mas eles ficariam invisíveis mesmo, então não me preocupei. De fato tem pouca coisa pra se ver, e os detalhes que vieram do kit mais que preenchem bem a área, especialmente depois de um wash. Lamentei que o kit viesse com o compartimento para o bote salva vidas que fica logo atrás do piloto, mas o próprio não veio, deixando esta parte estranhamente vazia se você resolver fazê-la aberta.  A torre da metralhadora dorsal é bem feita e me lembrou a da Monogram.

As instruções sugerem que cole-se a fuselagem primeiro e depois as duas metades do nariz separadamente e depois as juntem, mas a experiência me mostrou que isso sempre causa problemas de desnível. Assim colei cada uma das metades da frente do nariz (partes 87 e 86) nas respectivas fuselagens e o resultado ficou bem melhor. Deixei a ponta de fora (parte 88) para poder incluir peso na frente do avião para que ele pudesse se equilibrar sobre o trem de pouso triciclo.

Há uma peça que é colocada para servir de alinhamento das asas, mas de alguma forma ela não deu muito certo e acabei com problemas no trem de pouso por isso (ver mais abaixo).

Os motores são razoavelmente detalhados, mas ter que colar um por um dos escapes no capô (12 em cada motor) foi meio tedioso. Ainda bem que eles estavam marcados de leve na superfície ou teria sido complicado haver alguma simetria, já que cada um parece estar numa posição diferente do outro.

O modelo traz quatro bombas de 250 kg numa armação de acuidade razoável, mas o paiol de bombas é inexistente, só servindo mesmo para quem for bom de scratch e quiser construir toda esta parte do nada. Assim sendo simplesmente colei a parte que representa as portas no lugar (parte17).

Os encaixes em geral foram bons, mas precisei de putty em diversos pontos, como na junção das asas, estabilizadores e naceles dos motores. Estas últimas também quase não têm detalhes e sem dúvida vão fazer a alegria de scratchbuilders.

Os trens de pouso são bem detalhados, mas o maior problema que enfrentei foi o fato deles terem que ser colados antes de se colocar as naceles, o que faz com que fiquem expostos a todo tipo de acidentes enquanto lixamos e pintamos as partes vizinhas. Para mim foi ainda pior, pois somente após praticamente ter acabado com o modelo é que descobri que eles ficaram muito para fora, dando a impressão de pernas tortas. Não foi possível corrigir nestas alturas e tive que me conformar.

As rodas possuem um detalhe excessivo, grosso demais para a escala, que pode ser resolvido com um pouco de lixa.

Extras: o kit vem com um tanque extra usado para missões de translado.embora a localização exata não fique clara nas instruções e nem existe um local marcado no plástico que facilite o seu posicionamento. Há também a opção de fazer uma versão em que o avião dispunha de quatro canhões de 20mm ao invés das metralhadoras frontais. Isso só foi aplicado nos primeiros modelos da série G e, como estes costumavam ter problemas de travamento constante, foram logo substituídos em produção pelas confiáveis metralhadoras Browning. Quase todos A-20 armados com canhões foram enviados aos soviéticos no programa de arrendamento.

Decalques: vêm com duas versões para o teatro do Pacífico Sul, mas são a pior parte do kit sem sombra de dúvida: grossos, brilhantes demais, com excesso de filme e totalmente inadequados para o uso de amaciantes. A minha insistência em usar o Mark Softer (da Gunze) e o Mark Fit (da Tamiya) que são soluções leves, levou a um dos marcadores da asa a desenvolver um enrugamento tão violento que tive que tirar o decalque e pintar de novo aquela parte do avião.

Eu tinha achado e comprado a folha de decalques da SuperScale no e-bay, muito boa, com o mais conhecido exemplar de um A-20, o Green Hornet. Os decalques são finos e altamente precisos, mas não tinham stencils, então eu tive que usar alguns da folha de decalques e as diferenças ficaram gritantes. No final uma boa aplicação de Future ajudou a disfarçar um pouco esta disparidade. Os decalques da SuperScale não deram qualquer trabalho e se conformaram facilmente nos painéis com o uso de um pouco de amaciante.

Pintura: Quase todos os Havoc no Pacífico tinham uma pintura standard de Olive Drab nas superfícies superioras e de Neutral Gray nas partes inferiores. No entanto, ao contrário dos B-25 e B-24 por exemplo, quase todos tinham também machas de Dark Green (semelhante ao dos aviões britânicos) nas bordas das asas e estabilizadores. Em um desenho do livro In Action eles parecem ter bordas suaves, mas as fotos de época revelam pintura de fábrica, padronizada, sem diferenciação. Isso tornou fácil o uso de Parafilm M para fazer as máscaras para estas bordas. Os cockpits foram pintados com o verde tipo Interior Green, enquanto que as caixas de rodas eu pintei como yellow Green da Tamyia, que tem uma boa proximidade com o Zinc Chromate usado como agente anticorrosivo em espaços assim. Fora esta última, eu usei tintas Mr. Hobby da Gunze Sangyo,  melhores do mundo na categoria aviação. Pneus e partes metálicas foram da

Mascaras: Como sempre eu busco simplificar meu trabalho ao máximo quando se trata em mascarar muitos painéis transparentes. As máscaras produzidas pela firma tcheca Eduard são sempre uma mão na roda: simples de se aplicar, resistentes à tinta e fáceis de remover depois. O pacote designado para o A-20G da AMT cobre todas as transparências do kit, inclusive para os faróis de pouso nas asas, e ainda vem com extras para as rodas. Não tive qualquer problema durante a pintura.

Uma vez terminado com as tintas instalei as antenas, rodas e hélices. O resultado final ficou muito bom, como comprovam as fotos.

Conclusão: algumas vezes temos que buscar kits mais antigos quando queremos montar aquele tipo de modelo menos conhecido. Felizmente a AMT fez um bom trabalho em geral, especialmente se considerarmos a tecnologia da época. O modelo resultante é muito compensador, representando muito bem as linhas clássicas deste grande e, infelizmente, subestimado avião vitorioso da segunda guerra mundial.

Agradeço ao leitor Tarcísio Moura por ter enviado mais este artigo, se você também quer enviar seu artigo para o blog basta acessar este link e ver como fazer.

Plastiabraços e até a próxima!


 

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Editor do Blog SprueMaster

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5 Thoughts to “Artigo do Leitor: Douglas A-20 Havoc AMT 1/48”

  1. Tarcísio Moura

    OI, andré:

    Desculpe a demora em responder. O decal da SuperScale veio com apenas uma versão para o A-20, justamente a que usei. O decal que sobrou desta folha era para um P-40, coisa que realmente não entendi.

    Abraços

    Tarcísio

  2. André

    Olá Tarcísio,

    Vc tem o restante da chapa de decal da Super Scale?

  3. Tarcísio Moura

    Oi, Guacyr:

    Tudo bem? Que eu saiba o Brasil usou apenas a versão J, e vc encontra decais da FCM para ele. Nunca ouvi falar da FAB operando a versão G e meu amigo âmngelo que é expert no assunto concorda comigo. Ele também montou o ki, mas na versão J, apenas. Abraços

  4. Guacyr Soares

    Também tenho este kit, mas para montar FAB, mas não encontro o decalque para versão com metralhadoras no nariz, outro dia no fórum WK apareceu um J, com nariz transparente, para este tenho o decalque, e foi muito bom ter comentado sobre a sequencia de montagem da fuselagem e trens de pouso.

  5. Marcio

    Olá esta aeronave é muito parecida com o B- 26 Marauder.
    Enfim uma matéria de um 1,48 !!!!
    Parabéns.
    Mestre: estou montando um P- 47 versão do Gabreski, da Academy.
    O kit veio além das decais normais , veio uma que não estou seguro de aplicar. _E daquelas tipo raspadinha será que é isso mesmo ?

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