Artigo do Leitor: HAWKER HURRICANE MKI 1/48 Italeri # 2705

O leitor Tarcísio Moura nos enviou uma excelente resenha sobre a montagem do kit, segue abaixo!

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HAWKER HURRICANE MKI

Fabricante: Italeri – kit # 2705

Escala: 1/48

Comentários: kit de plástico injetado, incluindo partes transparentes e uma folha de detalhes em photoetched. Decalques para 6 versões. Livreto de 35 páginas com fotos e informações do avião verdadeiro incluso.

Histórico: um dos mais importantes aviões da história, o Hawker Hurricane imortalizou-se na chamada Batalha Da Inglaterra, onde foi um dos responsáveis pela primeira grande derrota da Luftwaffe (força aérea alemã) na segunda guerra mundial. Apesar de menos famoso e moderno que seu companheiro de lutas, o Spitfire, ele atuou durante todo o conflito e em todos os fronts, em diversas tarefas, tais como caça diurno e noturno, caça bombardeiro, reconhecimento, lançador de foguetes e até destruidor de tanques.

O modelo: muito badalado há alguns anos atrás quando foi lançado, este kit é um dos poucos Hurricanes disponíveis na escala 1/48. Todo em baixo relevo, muito delicado e detalhado. Trouxe como novidade um livreto com excelentes fotos à cores e em preto e branco do avião verdadeiro, além de alguns dados a respeito do mesmo. Isso poupa de qualquer pesquisa na hora de montá-lo. Em uma primeira observação os decalques me pareceram um tanto grossos e brilhantes, mas como são da Cartograph, são precisos e corretos. Também decidi não usar cintos de photoetched, já que eu tinha um set de cintos pré-pintados da Eduard que me pareceram ligeiramente mais finos e acurados. Mais tarde eu li alguns resenhas na internet que me confirmaram as peças serem mesmo um pouco largas para a escala e recomendando buscar outros mais acurados na Eduard.

O cockpit deste modelo é provavelmente o mais perfeito que eu já vi. Não tive nenhum problema com ele na hora de montar. Preferi usar o painel de photoetched sobre os decalques que ficaram bons, ainda que não perfeitamente alinhados. Na hora de colar as duas partes da fuselagem fechando a cabine só havia uma forma de alinhar o conjunto do cockpit . Quando eu terminei notei que este ficou ligeiramente torto, mas aí não tinha mais jeito, tive que deixar assim.

Contrário do esperado, os encaixes se revelaram muito abaixo da média atual em quase toda sua extensão. Isso foi um tanto decepcionante quando se pensa que é um kit muito recente, caro, muito elogiado e com tantos detalhes delicados. Para contrabalançar, ao contrário dos kits 1/48 anteriores, este veio os a parte transparente da cabine podendo ficar aberta ou fechada, além da saída de emergência do piloto também poder ficar aberta mostrando o detalhado interior.

Assim, eu levei um bom tempo para a construção básica, pois tive que usar muito putty e lixa para eliminar os defeitos dos encaixes, especialmente na área do nariz do avião, onde os painéis que supostamente deveriam mostrar o detalhado motor não couberam de forma alguma. Tive que colá-los e usar mais putty para corrigir o melhor possível os defeitos.

Mas nenhum dos problemas superou o de tentar colar as duas peças (3a e 4a) onde vem as metralhadoras nas asas: elas parecem não ter sido feitas na mesma escala e, além do péssimo encaixe, descobri-as menores do que o espaço a elas destinado, o que me obrigou a preencher o vão com Super Bonder e então lixar até conseguir literalmente esculpir o que faltava. Mesmo estando na parte de baixo – a menos visível – isso deu trabalho e chateação, inclusive para depois refazer alguns dos delicados baixo relevos em torno.

A área das caixas de rodas é bastante detalhada e, para meu alívio, não tive trabalho de instalar o trem de pouso corretamente (sempre uma área delicada), ainda que a roda de bequilha me pareça um pouco alta demais para a escala.

Pintura: Há muita polêmica atualmente sobre de que cor seria realmente pintada a parte inferior dos caças ingleses durante a batalha da Inglaterra. Cores como Sky Grey, Sky Blue, Duck Egg Green e Sky Type “S” são sugeridas de acordo com as interpretações das fotos preto e branco da época. Achei melhor ir para a Sky Type “S” que era, de qualquer forma, a pintura oficial do período. As demais cores são universalmente aceitas: camuflagem de Dark Earth e Dark Green. Para tal utilizei tintas Gunze Sangyo, as melhores do mundo, na minha opinião, para aviação e usei Parafilm M para fazer as máscaras. Um set de máscaras da Eduard me ajudou com a complexa transparência do canopy, além dos faróis de pouso das asas e rodas principais (curiosamente estas últimas vieram apenas uma face, e eu tive que mascarar a outra com Parafilm M).

Decalques: Eu tinha um bom set de decais da Xtradecal comemorativa da Batalha da Inglaterra e cheguei a pensar em usa-los, mas no final venceu a curiosidade sobre os “famosos” trabalhos da firma italiana Cartograf. Como teste usei a faixa em Sky que fica na parte traseira da cauda: elas são notoriamente difíceis de se conformar com a superfície do kit. Para minha chateação foi isso exatamente o que aconteceu, com enrugamentos em varias partes, mesmo usando doses maciças de Mark Softer da Gunze Sangyo. Dos amaciantes de decalques eles são os menos agressivos. E mesmo assim não consegui consertar os defeitos.

Devo dizer que os demais se comportaram muito bem em geral: todos entraram bem nas superfícies do modelo e são fáceis de manipular, não tendo a notória tendência de se enrolarem facilmente como boa parte das demais marcas. Ainda assim alguns pequenos novos enrugamentos foram vistos aqui e ali, além de uma tendência para o silvering ter aparecido com uma irritante frequência, especialmente nos stencils. Mas de uma forma geral eles são mesmo acima da média dos que encontramos nos kits.

A folha que vem no kit possibilita nada menos do que 6 versões diferentes, inclusive uma raro Hurricane com as cores da Irlanda. Eu, claro, não resisti à tentação de fazer a do ás canadense Willie McKnight, do famoso esquadrão 242, liderado pelo ainda mais célebre Coronel Douglas Bader, que usava pernas mecânicas. Até sua morte em combate, em Janeiro de 1941, McKnight derrubou pelo menos 19 aviões alemães. Seu avião era um dos mais coloridos e interessantes Hurricanes da guerra.

Efeitos: foi a primeira vez que usei o Betume da Judéia da Acrilex como forma de fazer um wash no avião. Um amigo me falou sobre isso e resolvi tentar. Diluído com Aguarrás ele se mostrou fácil de aplicar e, pelo menos na parte inferior do avião, o resultado ficou muito bom. Eu estava com um pouco de receio para ver qual seria a reação do verniz à aplicação do aguarrás na hora de tirar os excessos, mas ele se comportou muito bem. Infelizmente o mesmo resultado não foi obtido quando tentei aplicar a mesma técnica na parte superior, onde algumas manchas se fizeram. Acabei usando no final tinta guache diluída com água ali: uma aplicação que pode dar mais trabalho,mas é garantida que não afetará nem a pintura nem no verniz. Um pouco de drybrushing nas partes internas mais expostas completaram os feitos do tempo.

Conclusão: o resultado final ficou bastante convincente, capturando bem as formas e detalhes do avião real. Certamente é bem melhor ao antigo kit da Airfix, em especial no baixo relevo: delicado e em escala. Mas levando-se em consideração o alto preço e a tecnologia hoje disponível, a montagem se mostrou bastante menos prazerosa e muito mais trabalhosa por causa dos encaixes medíocres em quase toda a sua extensão. Várias horas foram despendidas com putty e lixa corrigindo os muitos erros. Para um kit tão badalado, citado como “state of art” por algumas resenhas iniciais, foi uma decepção. Apesar de nenhum problema encontrado ser completamente insuperável, este é definitivamente um modelo para quem já tem razoável experiência com encaixes ruins, com o uso de putty, super bonder e o que mais for necessário para corrigi-los. Confesso que fiquei curioso para experimentar o novo kit da Airfix e compará-los. Provavelmente uma resenha deste chegue em breve.

Obs. _ O kit da Tamiya do Hurricane MKI em escala 1/48 é o mesmo da Italeri, apenas diferindo na arte da capa. Foi um acordo com a firma japonesa para permitir sua venda em território nipônico. Eu aviso para os modelistas tomarem cuidado, pois ele é vendido por um preço ainda mais alto do que original.

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Meus parabéns ao Tarcísio pela excelente montagem e por enviar o artigo ao Blog,

Obrigado!!!