Artigo do Leitor: Pintando Madeira
Anos atrás publiquei aqui no Blog um outro artigo sobre como pintar madeira. Agora o leitor Daniel Iscold nos dá um excelente tutorial sobre como fazer. Muito obrigado por ter enviado o artigo Daniel!
Pintando Madeira
por Daniel Iscold
O plastimodelismo, em diversos momentos, apresenta grandes desafios para simular materiais diferentes, além da pintura normal das cores militares. É relativamente fácil representar uma aeronave fabricada em chapas de alumínio pintada com cores militares ou civis.
A coisa começa a se complicar quando a aeronave é acabada metal natural ou em madeira. A grande maioria, ou se não a totalidade, das aeronaves da primeira guerra mundial, eram construídas em madeira. As partes de metal, restringiam-se a ferragens, motor e pequenas porções da fuselagem. As aeronaves construídas exclusivamente em metal, começaram a surgir no pós primeira guerra mundial nos anos 20 e 30.
Então torna-se um grande desafio representar o acabamento de madeira destas aeronaves em escalas reduzidas como 1/72, 1/48 e 1/32.
Hoje em dia, é possível encontrar no mercado, alguns fabricantes que produzem folhas de decalques, que reproduzem com grande fidelidade as gramaturas e tonalidades das madeiras utilizadas em aeronaves da primeira guerra mundial.
Entretanto, a compra de acessórios para plastimodelismo, em tempos de pandemia, tem se mostrado proibitiva por causa de seu preço (cotação do dólar) e dificuldades de importação.
Existe uma técnica de pintura, que se realizada com paciência e bastante prática, demonstra ser viável e substitui perfeitamente o uso de decalques. Aprendi esta técnica há muitos anos atrás, com o meu amigo Fernando Estanislau. Na época, eu queria montar um Albatros DV na escala 1/72 da Eduard.
Quando aprendi com ele, usamos tintas acrílicas de tubo, hoje eu faço com tintas a óleo.
Para fazer esta pintura você vai precisar de:
– tintas a óleo de boa qualidade, de preferência tintas importadas, nas cores Raw Umber, Siena Rumber e paynes gray. Nada impede que você use tintas nacionais e outras cores, mas as tintas importadas possuem um acabamento mais refinado devido ao seu pigmento e resinas de melhor qualidade;
– Secante de cobalto, ele vai acelerar a secagem da tinta. Eu uso da marca Maimeri, comprado aqui no Brasil mesmo. Um vidro certamente irá durar para toda a sua vida, mesmo se você for um pintor de quadros a óleo. Se não quiser comprar veja com um amigo se ele tem;
– Um pincel redondo, com a ponta arredondada;
– Diluente para tinta a óleo de sua preferência.
PASSO 1
Pinte o objeto com a cor de sua preferência. A vantagem de realizar esta técnica é que não existe a cor certa. A natureza oferece ao homem, uma gama infinita de cores de madeira. Mesmo a madeira de mesma espécie de árvores apresentará pequenas variação em seu tom. Após ser processada, cortada, montada e acabada a mesma irá apresentar tonalidades diferentes. Sem falar que o tipo de verniz e condições de armazenamento, irão influenciar em sua tonalidade também. Para este teste, escolhi três tons de marrom como base para verificar quais tonalidades podemos fazer.
PASSO 2
A preparação da tinta é fundamental. A diluição, pode variar com o tipo de acabamento que você quer. Para um acabamento mais refinado, o ponto ideal da tinta é pastoso. Coloco o secante de cobalto em uma quantidade menor que a tinta, para medir a quantidade uso o pincel. Duas pinceladas carregadas são o suficiente. Coloco o diluente utilizando um conta gotas, até atingir a diluição desejada. É importante misturar bem a combinação, tinta e secante de cobalto, para que a mistura fique o mais homogênea possível.
PASSO 3
Espalhe a tinta sobre a superfície a ser pintada com o pincel. Aqui você pode, e deve, fazer por etapas, não precisa ter pressa, pois a tinta demora dias para secar. É importante não deixar a tinta parada por muito tempo, se o diluente evaporar ficará difícil fazer o espalhamento da tinta, com a finalidade formar os veios da madeira. Com o pincel, em uma única direção vá passando de forma cadenciada e contínua afim de espalhar o excesso de tinta. Com as passadas contínuas e cadenciadas do pincel, os veios da madeira vão se formando. Uma dica importante é a forma como você segura o pincel, a sua mão deve estar posicionada no cabo do pincel conforme a foto. Nem muito baixo nem muito alto. Após a formação dos veios da madeira, é importante fazer algumas ondulações e nós. Para tanto basta ondular o pincel levemente entre uma passada e outra. O tempo de secagem do efeito de madeira é entre 24 e 72 horas. Ele varia em função de diversos fatores, entre eles, diluição, quantidade de secante de cobalto adicionado a tinta, temperatura e umidade. Faça sempre uma peça de teste para ir testando a secagem. Após a secagem pode-se aplicar o verniz brilhante de sua preferência para selar o trabalho.
Resultados
É isso aí, muito obrigado ao Daniel Iscold por enviar mais este artigo para o Blog!!!
Excelente artigo. O Daniel é realmente muito talentoso.
Parabéns ao Daniel. Excelentes dicas e modelos magníficos!
Isto mostra que no modelismo a paciência, a perseverança, novas técnicas e a dedicação trazem resultados surpreendentes.
O modelo está simplesmente fantástico!!! As dicas … vieram em boa hora e o resultado final impressiona. Parabéns pelo modelo e pelas dicas muito bem explicadas.
Raphael
Ficaram lindos os trabalhos Daniel. Parabéns!!
Muito boa essa dica, vou tentar fazer igual,ficou bemm realista, parabéns pelo blog, abraço
Excelente artigo ! O que gosto no plasti são extamente esses desafios que surgem quando o assunto é um pouco diferente e vai envolver técnicas mais sofiticadas.
A tinta óleo é de uma riqueza imensa para o plastimidelismo, e eu vejo que poucos modelistas realmente usam.
E você tem toda razão Marcelo!