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Visitando o Flying Legends em Duxford… Parte I

O meu amigo pessoal e leitor do Spruemaster Francisco “X-cão” Garcia teve a honra de visitar poucos meses atrás o Flying Legends que acontece anualmente em Duxford – Reino Unido.

Ele se propôs a escrever um artigo para o Blog dando o caminho das pedras para quem pretende visitar este marvilhoso evento. Então caro leitor, ai vai um excelente artigo do meu amigo X-cão.

Muito Obrigado!!!


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Duxford I – Flying Legends 2013

 

– Você vai, está decidido.

Com essas palavras, eu soube que iria para um curso de 2 semanas na Bélgica. Como bom modelista e amante de aviação, em menos de 5 minutos já estava procurando quais eventos aconteceriam na Europa nessa época. E descobri que, dois dias após o término do curso, ocorreria um show aéreo exclusivamente com aviões antigos, o Flying Legends!

Eu estaria em curso em Bruxelas, na Bélgica, até a quinta-feira ao final da tarde, e o show seria no sábado, em Duxford, no Reino Unido. Excelente!  Animado, comecei a verificar a logística, os tempos e custos para ir ao show.

O primeiro passo seria ir até Duxford. Essa parte é fácil: de Bruxelas, de trem de alta velocidade, são pouco mais de 2h até Londres – cerca de 400 km. Comprando a passagem com antecedência pelo site da Eurostar, o custo cai bastante – eu comprei antes de ir para a Bélgica, e paguei 93 Euros (pouco menos de R$ 300). A vantagem de se ir de trem e não de avião é que o trem liga o centro de Bruxelas ao centro de Londres, enquanto que os aeroportos dessas cidades são todos distantes do centro, adicionando custos e tempo ao trajeto.

Ir de Bruxelas para Duxford implica em um pernoite em Londres ou em Cambridge, pois Duxford fica nos arredores desta cidade, localizada a cerca de 130 km a nordeste de Londres. Optei por pernoitar em Londres, e consegui um preço bem razoável no Ibis Blackfriars, em Southwark. Uma outra boa opção é o The George, no Cartwright Crescent, a 2 quarteirões da estação St. Pancras International – de onde chega e sai o Eurostar. Ambos os hotéis são relativamente baratos (pelo padrão londrino, de qualquer maneira) e extremamente bem localizados.

Seguindo uma dica do pessoal da IPMS-UK, entrei no site de Duxford e comprei o ingresso para o Flying Legends, pedindo para entregar no endereço do meu hotel. Com isso economizaria algumas Libras, além de evitar perder tempo em uma longa fila para entrar em Duxford.

 Tudo funcionou com precisão britânica: chegando a Londres em St. Pancras International, cruzei a rua e fui à estação de King’s Cross e comprei o bilhete de trem para ir para Cambridge no dia seguinte. Peguei um taxi até o hotel e, lá chegando, recebi o ingresso, entregue assim que fiz o check-in. Perfeito! Tive o resto do dia para aproveitar na belíssima Londres (que eu adoro) – fomos ao Borough Market, próximo do hotel, um excelente passeio.

 No dia seguinte – já devidamente municiado de água e sanduíches (outra dica do pessoal da IPMS-UK, evita filas) na minha mochila – embarco no trem para Cambridge. Chegando lá, a menos de 150 m da estação e num local claramente sinalizado, estão 2 ônibus de 2 andares, no qual fomos para o Imperial War Museum Duxford, localizado a uns 15 min de Cambridge.

O dia estava muito promissor para vôos: claro e quente, com pouco vento, visibilidade total. No trajeto, fui percebendo uma longa fila de carros que se dirigia a Duxford – pelo jeito, muita gente gosta de shows aéreos aqui! Mal sabia eu…

Na aproximação do estacionamento, no alto do ônibus, meu queixo caiu: ao longo da pista de pouso, literalmente dezenas de aviões antigos estavam perfeitamente alinhados: Spitfires, um Hurricane, um Bearcat, um Lysander, DC-3 – ei, espera: o Ju-52 da Lufthansa!

Desci do ônibus e – graças à excelente dica do Paul Regan, da IPMS-UK – entrei pela catraca dos que já tinham ingresso, sem fila alguma! Aproveitei e já comprei o meu livretinho do show (6 Libras), de recordação.

A entrada e a saída de Duxford se dão pela loja do Museu, muito sortida, tendo inclusive modelos (Airfix, principalmente) relacionados com os aviões reais em exibição. Nessa ocasião eu até pensei em comprar um boné e uns óculos escuros, mas deixei de lado – e me arrependi depois!

Deixemos claro uma coisa logo de início: Duxford é uma combinação de museu e campo de aviação ativo, tendo sido muito importante (juntamente com Fowlmere, que fica a cerca de 3 milhas de distância) na época da Primeira e Segunda Guerras Mundiais. Assim, parte dos hangares é dedicada ao museu, e parte a hangarar aviões de particulares – por exemplo, um belíssimo Spitfire Mk XIX de um proprietário particular, que guarda seu avião lá e voa com ele nos finais de semana….

Desta vez eu estava lá apenas para o Flying Legends, o que já iria me tomar o dia inteiro. Assim, depois que entrei, desviei dos hangares à esquerda e á direita, passei pelo estacionamento interno (onde os proprietários dos aviões estacionam seus carros) e fui direto para a pista. Chegando lá, por 5 Libras, podemos pegar a Flight Line e nos aproximar bem mais dos aviões estacionados, e inclusive tirar fotos com pessoas trajadas com roupas da época, que ficam em frente aos aviões. Fantástico!

Quem tivesse algumas Libras a mais para gastar poderia voar num autêntico DH-89 Dragon Rapide ou um DH-82 Tiger Moth, que decolavam e pousavam constantemente ao longo do dia.

Tendo aprendido com minha visita anterior a Duxford, trouxe uma bateria e um cartão de memória reservas, e fotografei tudo o que pude. Algumas fotos estão mais abaixo, e falam por si só.

O período de visitação da Flight Line se estendia até as 13h (eu havia chegado às 10h30, logo depois da abertura dos portões), pois o show propriamente dito se iniciaria às 14h. Terminando de tirar a fotos (e foram muitas!), saí pelo pequeno portão, que me levou direto ao F-15C, que fica em frente ao American Air Museum.

Ao lado do F-15 estava montada a tenda da Hannants, com vários kits à venda. Como bom modelista, fiz algumas comprinhas, mas me abstive de compras maiores – de Londres eu iria para Bath, e não queria arrastar caixas grandes (deixei, com dor no coração, um A3D2 Slywarrior 1/48 da Trumpeter…), mas peguei um livro sobre a história do Hornet/Sea Hornet.

Já era hora de procurar um lugar para ver o show. De novo, seguindo uma dica, procurei um lugar no final da pista, próximo à Arena atrás do Land Warfare, onde os tanques fazem exibições em alguns eventos especiais (sim, tanques antigos e modernos chafurdam na lama, e é possível mesmo andar em um ou dois deles!). Percebi que essa área era muito bem localizada, e me permitiria ver toda a pista, e os aviões passariam perto – excelente!

Almocei o lanche que havia trazido, e conversei com um senhor que estava próximo. Por essas incríveis coincidências, o senhor (Steve era seu nome) havia trabalhado na RAF, tendo inclusive visto o TSR-2 decolar, e havia passado por uma experiência arrepiante no Mach Loop (ou Low Flyight Area 7, no País de Gales)!

Enquanto conversávamos, o show começou, com o Bearcat. Esse avião – muito bem preservado, como aliás todos os que voaram – voa incrivelmente bem, e literalmente ronrona, apesar de ter um imenso motor Double Wasp 2800 de 2.100 HP!

Daí para a frente foram quase 3 horas de aviões decolando e pousando, fazendo rasantes (em especial o Curtiss H-75!), quase parando no ar (o Fieseler Storch), fazendo acrobacias (o Bücker Bü-131) e encenando combates (a B-17 residente de Duxford, ‘Sally B’, os Me-109s, o P-47, os Spitfires), ou simplesmente voando majestosamente, como se estivesse desfilando (o Ju-52 da Lufthansa). 11 Spitfires voaram em formação e combate simulado com os dois Me-109, os Yaks voaram juntos, e mesmo ‘Sally B’ fez passes rasantes, soltando fumaça! Eu estava tonto, quando um avião terminava sua exibição outro começava.

Ao final do show, os mais de 30 aviões voaram em formação, enquanto o público, emudecido pelo espetáculo, apenas olhava, filmava ou fotografava. Fora o ronco grave dos motores, não se ouvia som algum.

Quando o último avião pousou, vi que já havia passado da hora de fechar. No caminho de volta, passei rapidamente no Museu da Força Aérea Americana. Esse é um hangar do tempo da Guerra Fria, em concreto, e que guarda, em seu interior, muitos aviões: B-52, B-29, B-24, SR-71, P-80, B-25, F-111, F-4 Phantom II, entre outros. Mas eu não tinha ido lá (dessa vez) para ver a parte de Museu de Duxford – isso fica para a segunda parte deste artigo!

Os visitantes já estavam sendo gentilmente avisados para se dirigirem à saída. Pegando o corredor central, paralelo à pista, percebo que estava tomado de barracas, vendendo souvenires, livros e kits (de primeira e de segunda mão)…

Deveria ter reservado dois dias para visitar Duxford!

 

Written by 

Editor do Blog SprueMaster

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13 Thoughts to “Visitando o Flying Legends em Duxford… Parte I”

  1. Sergio

    Francisco:
    Infelizmente só li seu relato três anos depois.
    Fui lá em 2014 no Air Show da comemoração da Batalha da Inglaterra. É indescritível.
    Só discordo de você em uma coisa: dois dias também é pouco tempo, foi o quanto fiquei e faltou ver muita coisa. E voar no Dragon Rapid é uma delícia, apesar do preço.
    Plastiabraços
    Sergio

  2. Guacyr Soares

    Sensacional!Para quem nunca foi deve ser um evento de dar taquicardia!

  3. José

    Muito interessante.

  4. José

    Que legal, muito interessante, tomara que no brasil aconteças estes eventos, já que Alberto Santos Dumont é o pai da aviação.

  5. Marcos Surian Thomaz

    Muito legal…
    Gostaria de ter ido também…
    Impressionante a conservação de Spitfires, Hurricanes, P-51 dos mais diversos modelos, P-47, P-40, Corsairs, Wildcats, Hellcats, Messerschmidts Bf-109, B-17, entre outros tantos.
    Acredito que serve como lição para nós de como se organizar corretamente um show aéreo. Cobrando ingresso de maneira justa, e agradando àqueles que gostam de participar da festa.
    Excelente artigo. Estou esperando a segunda parte…

  6. Fabricio Leite

    Show de bola, ainda bem que não acabou a bateria kkkk

    1. hahahaha já pensou? se eu estou num lugar destes e a bateria acaba eu tenho um treco!

  7. Nardel

    Um dia eu vou . . . ahh vou sim !!!

  8. Marcelo Albuquerque

    Massa, estive aí no longíquo 1996, quando era ‘rico e não sabia’ : solteiro e sem filhos !

  9. Rodrigo

    Belíssimo artigo!! Um sonho ir nesse show aéreo.
    Abraços

  10. Antonio Gomes Ferreira Filho

    Extraordinário, fiquei com muita vontade de ir um dia.

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